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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Brasil pode deixar de importar cacau em 5 anos graças à produção paraense


O aumento da produção de cacau no Estado ganhou novo impulso depois do lançamento do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura no Pará, pelo Governo do Estado. O objetivo é dobrar a produção até 2020. Só para se ter uma ideia desse crescimento, de 2011 para 2012 a área ocupada com plantações de cacau no Estado passou de 110 mil para 120 mil hectares e a produção que era de pouco mais de 60 toneladas anuais deve chegar a 70 mil toneladas este ano. A produtividade do Estado, que era de cerca de 800 quilos por hectare, já é de 900 kg por hectare.



O avanço da produção paraense empolgou Walter Tegani, secretário executivo da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (Apic) que fica localizada em São Paulo. Ele acredita que a previsão é de que em cinco anos o Pará pssa começar a suprir a necessidade que hoje a indústria tem de importar o produto. Tegani, que esteve no Pará, na semana passada, para participar da reunião da Câmara Setorial do Cacau, fala sobre as expectativas dos processadores em relação ao Pará.



O que o senhor achou da reunião da Câmara Setorial do Cacau?



Eu participei desde a inauguração da Câmara. As Câmaras são sempre muito oportunas porque revelam as dificuldades, os anseios de toda a cadeia. O que se mostra mais interessante é o empenho que tem a Sagri, e claro que há uma intenção do governador por trás disso, de manter o cacau como um item de pauta, e isso tem permitido o crescimento significativo da oferta de cacau todo ano. Algo muito interessante dentro da perspectiva da indústria de prestigiar e estar presente sempre que for possível.



Qual a sua opinião sobre o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura no Pará e dos dados mais recentes sobre a produção paraense?



Eu achei os números surpreendentes. Surgiu até um comentário de que havia uma previsão inicial de que em cinco anos o Estado do Pará poderia suprir a necessidade que hoje a indústria tem de importar para poder complementar as suas necessidades e isso está se fazendo presente. Tudo leva a crer que com esse crescimento, com esses números, se eles vierem a se confirmar, por que depende inclusive da condição climática, isso vai acontecer no prazo estabelecido pelo próprio secretário Hildegardo Nunes. E isso é bastante atraente, bastante interessante.



Qual a participação da produção paraense na indústria de processamento de cacau?



Há uma divergência entre os nossos números e os números da Secretaria. Estão revelando aí 71 mil toneladas no ano passado. Se a gente considerar aí o número que o Brasil está colocando de 183 mil toneladas a participação é significativa: 71 mil para 183 mil toneladas é interessante. Agora eu frisei aos representantes da Ceplac que seria interessante a gente dar uma confirmada na metodologia de cálculo dessa oferta porque os números que a gente tem não passam de 41 mil toneladas. Então eu diria que tem uma diferença que precisa ser apurada. De qualquer forma, com 41 mil ou 71 mil o que mostra é que tem um crescimento anual bastante importante.



O que o senhor acha das ações do Governo do Estado em relação a essa questão?



O secretário Hildegardo Nunes sempre ponderou, desde a primeira vez que nós estivemos aí com ele, até numa reunião fora da Câmara, que o Estado do Pará pretende manter durante toda essa administração o cacau como um item de pauta, e a gente está percebendo pelos números, pelos projetos que isso tem sido mantido. É um estímulo muito grande para a indústria, que há vários anos não consegue fazer investimento na sua capacidade instalada, porque justamente falta a matéria prima que é o próprio cacau. Tomara que a previsão de cinco anos se mantenha porque isso nós dá força para poder aprovar investimentos, tanto em termos de Brasil como no Pará, que é o desejo do secretário. A gente não pode descartar essa possibilidade não. É claro que há uma necessidade de se melhorar a infraestrutura local e o governo já está fazendo esse esforço, com energia elétrica, que é o caso da usina de Belo Monte, e pavimentação. Eu diria em termos muito simplistas que o cenário hoje de oferta de cacau e de autosuficiência se encontra no Estado do Pará.



Quanto a nossa indústria processa de cacau?



A capacidade instalada não só das empresas que fazem parte aqui da associação a gente estima que está em torno de 240 mil toneladas por ano. Agora, além disso, há importações de produtos semiacabados e acabados que mostra que a necessidade total é muito maior do que essa.

Fonte: Agência Pará de Notícias

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