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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Amigos de Santos criam pombos-correio para competições

Nos grandes conflitos bélicos mundiais, eles tiveram seus serviços de correspondência reconhecidos em toda a Europa. Hoje, os pombos-correio ganham destaque em competições de corrida mundiais. Em Santos, há mais de 50 anos, uma família cultiva essa paixão, passada para filhos e até vizinhos que passaram a levar seus pombos para torneios Brasil afora.
A criação começou com José Marques, pai de Paulo Marques, um dos cuidadores dos pombos. Ele e o filho passaram para o vizinho o gosto pela criação e competição com as aves. Assim, o então menino Roberto Adriano, se interessou e criou um pequeno pombal. Depois de concluir a faculdade e de morar em outros países, ele voltou para Santos e encontrou Paulo, que o convidou para voltar a criar as aves e participar de competições. O pombal, que estava um pouco abandonado, voltou a crescer e a concorrer títulos a partir de 2008.
Roberto Adriano conta que esses pombos-correio tem que ser muito bem cuidados, já que são treinados para serem campeões. Os que participam de campeonatos ficam separados dos que são destinados à reprodução. De acordo com Adriano, os pombais são limpos todos os dias, os animais são alimentados com mais de dez tipos de grãos diferentes e recebem medicamentos três vezes ao ano para prevenir doenças. “Essa é a diferença de uma ave de cativeiro cuidada, comparada com uma ave de rua. Você tem que ter todo um cuidado em termos de zoonoses com eles, porque são atletas", compara.
Agora, os dois amigos contabilistas levam a sério o hobby. Assim que o pombo nasce, ele recebe uma anilha de identificação que é presa em uma de suas pernas. Essa anilha é responsável por identificar o pombo onde quer que ele esteja. Desta forma, eles podem participar das competições. Adriano explica que os pombos são levados de carro e são soltos na cidade sede da competição. Eles devem voltar para seu pombal de origem, como durante as guerras, quando voltavam para o quartel que pertenciam para trazer informações sobre os pelotões. Um chip, que vem da Europa, é colocado em uma espécie de terraço instalada no pombal. Quando o pombo pousa nesta plataforma, o computador reconhece que o 'atleta' chegou, ou seja, que terminou a prova.
Muitos deles se perdem no caminho. Alguns, por exemplo, sofrem quando há neblina na Serra do Mar. Outros, quando ainda estão aprendendo a voar, acabam não voltando para o pombal. Dos 180 filhotes que nasceram no ano passado, 10 foram embora.

Durante os campeonatos, os 'treinadores de pombo' descobrem quais das aves tem potencial. "Todos vão para a competição. A gente vai vendo os resultados deles na temporada. Eu já fico de olho nos pais e nos irmãos dele. Na competição eu consigo ver quem é bom. Tudo é anotado no computador", explica.
Para Adriano, os pombos são como atletas. Há um perfil de corrida para cada um. Enquanto alguns são velozes, outros têm mais disposição para provas longas. Adriano diz que o cuidador deve trabalhar com o que o cada um tem de melhor, para isso é preciso conhecer os pombos-correio.
A equipe de pombos comandada por Adriano já coleciona bons resultados. Em 2010, eles conseguiram a medalha de bronze em uma competição internacional realizada em Minas Gerais. "Em Portugal, os torneios com pombos só não são mais populares do que o futebol. Na Europa a columbofilia é muito forte. É tradição", conta.
No Brasil, a prática ainda não é tão difundida. Adriano conta que há muitos gastos, enquanto os prêmios das competições só ajudam a manter o lugar. Porém, para o criador, o importante é o prazer. Ele conta que cada ave reconhece ele apenas com um assovio. "Criação você tem que ter o dom. Tem que ter o jeito", finaliza.

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